A SEMENTEIRA
Semeei na minha quinta
os cacos duma caneca:
nasceu um velho sem dentes
a pentear a careca.
Semeei na minha quinta
três postinhas de pescada:
nasceram três gatos-tigres
com a cauda arrebitada.
Semeei na minha quinta
um lápis bem afiado:
nasceu uma professora,
mandou-me fazer ditado.
Semeei na minha quinta
seis carros do meu irmão:
antes que algo nascesse,
ele deu-me um bofetão.
Poema de Luísa Ducla Soares
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